"The Future is now"
Representação da arquitetura portuguesa na exposição mundial de Osaka
Curadoria de Andreia Garcia
"Num momento tão incerto, com uma política geoestratégica que assenta apenas no capital e não na felicidade do Homem, eu não estou muito otimista. O futuro próximo será distópico.
A palavra que escolho, é uma palavra composta: “não-lugar”. Esta palavra tem um duplo sentido: o “não lugar” de Marc Augé”, numa sociedade em que a nossa alienação à natureza e à comunidade é muito grande, onde os lugares serão repetidos, em série, pré-fabricados, num espaço sem alma, como refere Baudelaire ou Walter Benjamim e o "não lugar" como algo que ainda não existe.
Os lugares de um futuro próximo poderão estar ausentes de memória, atmosfera, e de vivências. Lugares descartáveis, de consumo rápido de uma vida apressada do quotidiano, onde a vida, a real e virtual, podem não melhorar e agudizar-se naquilo que tem de menos positivo. A nossa vida virtual está a vencer-nos, a retirar-nos o espaço da vivência ao retirar o espaço do percurso até ao destino.
No entanto, a falta de sentimento de pertença é tanta, que julgo que este modelo de sociedade irá entrar em falência. E nessa altura, o futuro será comunitário, igualitário e mais humano. Onde ainda compreenderemos a humanidade como uma única família, onde as fronteiras serão esbatidas e os genocídios não se perpetuarão, como acontece nos tempos obscuros que correm.
“A arte serve para tornar as pessoas livres”.
Joseph Beys
Dando um segundo significado à palavra “não-lugar”, remeto-a para a sua origem, escrita pela primeira vez por Thomas More. As duas palavras que deram origem à palavra UTOPIA: "u-topos" (em grego), significam "não-lugar", "lugar inexistente" ou "bom lugar".
Eu escolho o "bom lugar", como a utopia do futuro."