"O pé direito é o céu"
ERROS MEUS, MÁ FORTUNA, AMOR ARDENTE
Ninguém ama absolutamente tudo. Entre o terreno e o etéreo, há o intangível, onde o amor passa pelo erotismo e se transforma em algo que na verdade não existe.
O amor é inatingível porque a sua sublimação existe na sua ausência, na sua impossibilidade.
Camões utilizou esta dicotomia, relacionando a paixão, a religião e a pátria. E na sua ideia de verdade, há a morte como confirmação. A morte pela crença, pela honra, por sacrifício, pelo amor.
“Ninguém se torna um herói sem uma grande dose de mistificação.”
Extravasando o nosso corpo físico e mortal, estes espelhos, são uma demonstração que a terra e o céu se unem. O físico e a etéreo, por uma fração de segundos, tocam-se. Até ao infinito.
O amor e a vida, o crente e o pagão, o herói e o comum, o mítico e o real, os deuses e os mortais, podem olhar o reflexo do impossível, quando “o pé direito é o céu”.
Luísa Bebiano e Nuno Maia
Coimbra, 12 de outubro de 2024